segunda-feira, 17 de junho de 2013

O futuro das atuais empresas de TI no Brasil

Nunca esteve tão incerto o futuro das empresas de tecnologia da informação como nessa época. A velocidade das mudanças tecnológicas, novos produtos e a entrada das empresas globais de serviço no Brasil trazem uma enorme pressão sobre as empresas brasileiras. Adicionando a esse cenário, a falta de mão de obra atual e a provável falta futura de 100 mil pessoas, o desafio de sustentabilidade das empresas brasileiras tornam-se quase insuperáveis, para aqueles que não repensarem seu portfólio de produtos e serviços atuais.

Como se não bastasse, nossos contratos são reajustados pelo IGPM, os salários são reajustados no mínimo duas vezes acima desse índice. Para algum empresário que ainda tem dúvidas, basta pegar os salários dos colaboradores que estavam trabalhando em dezembro de um ano e ainda estão em dezembro do ano seguinte e comparar o crescimento da massa salarial dessas pessoas. Se essa afirmação não for verdade, por favor entrem em contato e me ensinem a fórmula mágica.
As empresas de serviço têm tido seus preços puxados para baixo, através da entrada de empresas indianas no Brasil e do formato de compra governamental realizados atualmente através de pregão eletrônico no governo.

As empresas de ERP enfrentam o problema de saturação do mercado de médias e grandes empresas, forçando os grandes players a focarem mercados que antes eram atendidos pelas micro e pequenas empresas de desenvolvimento de software, adicionado ao atual movimento de consolidação desses players de ERP no Brasil através da TOTVS, é um outro fenômeno que tem puxado os preços para baixo.

Aqui em Maringá, conhecemos histórias de empresários que estavam em processo de perda de seus clientes para concorrentes, que tinham uma escala muito maior e preços mais competitivos, e o processo foi tão rápido que a única forma de sobrevivência foi se tornarem representantes comerciais de seus concorrentes, para preservarem a carteira de clientes.

Isso acaba trazendo o entendimento do que outros mercados já entenderam: cada empresa tem que fazer mais com menos, se especializar ao máximo, encontrar um nicho onde é extremamente competitivo, identificando seu público alvo e o que entrega de valor (diferenciais) a mais para esse público, do que outras empresas no mercado... e mais do que isso, ter escala para ter preço competitivo.

Seria até mais simples, se não estivéssemos no olho do furacão, em termos de mudança: Mudança da força de trabalho (geração Y), mudança do mercado consumidor (novas classes sociais emergentes, novo perfil de empresários e empresas) da forma de consumo (e-commerce, social commerce, market place etc.), dos dispositivos que disponibilizamos nossas aplicações (PC, SMARTPHONE, SMARTTV etc.), tudo isso gerando uma pressão por inovação nos produtos que oferecemos atualmente, e o governo roubando nossa atenção e capacidade de investimento com os SPEDs e suas obrigações acessórias.
  
Tudo isso junto, gera o cenário ideal para que muitas empresas morram, outras se reinventem, outras surjam. Assim como contamos histórias de empresas que se perderam na década de 80, com o advento da micro-informática e serviços. Muitas de nossas empresas serão história nos próximos anos.

A única solução para as empresas é por meio da inovação, cooperação empresarial e acesso a novos mercados, com soluções de alta escalabilidade. A inovação vai permitir que as empresas mudem seu portfolio de produtos para produtos mais simples de serem mantidos, utilizados e implantados, ou diretamente ou através de canais, demandando menos mão de obra e a surfarem uma onda de rentabilidade jamais conhecida pelas empresas brasileiras, farão elas passarem ao lado dos grandes players globais sem serem atingidas. 

Enquanto os novos empresários estão montando suas “startups”, os empresários atuais, precisarão pensar em “spin-offs”, que talvez se tornem no futuro maior que suas empresas atuais, ou que “pivotem” suas empresas, da forma que são conhecidas hoje.

E uma dica que deixaria, considerando que as empresas brasileiras têm uma alta especialidade em soluções coorporativas, se tivesse que fazer uma sugestão é que as empresas concentrassem seus esforços em encontrar problemas globais de determinado seguimento de empresas (B2C), criar uma solução e vender aqui e mundo afora. Deixemos as soluções para consumidor final (B2C) para as empresas do Vale do Silício.

E que venha o futuro!

Ilson Rezende