Nunca esteve tão incerto o futuro
das empresas de tecnologia da informação como nessa época. A velocidade das
mudanças tecnológicas, novos produtos e a entrada das empresas globais de
serviço no Brasil trazem uma enorme pressão sobre as empresas brasileiras.
Adicionando a esse cenário, a falta de mão de obra atual e a provável falta
futura de 100 mil pessoas, o desafio de sustentabilidade das empresas
brasileiras tornam-se quase insuperáveis, para aqueles que não repensarem seu
portfólio de produtos e serviços atuais.
Como se não bastasse, nossos
contratos são reajustados pelo IGPM, os salários são reajustados no mínimo duas
vezes acima desse índice. Para algum empresário que ainda tem dúvidas, basta
pegar os salários dos colaboradores que estavam trabalhando em dezembro de um
ano e ainda estão em dezembro do ano seguinte e comparar o crescimento da massa
salarial dessas pessoas. Se essa afirmação não for verdade, por favor entrem em
contato e me ensinem a fórmula mágica.
As empresas de serviço têm tido
seus preços puxados para baixo, através da entrada de empresas indianas no
Brasil e do formato de compra governamental realizados atualmente através de
pregão eletrônico no governo.
As empresas de ERP enfrentam o
problema de saturação do mercado de médias e grandes empresas, forçando os
grandes players a focarem mercados que antes eram atendidos pelas micro e
pequenas empresas de desenvolvimento de software, adicionado ao atual movimento
de consolidação desses players de ERP no Brasil através da TOTVS, é um outro
fenômeno que tem puxado os preços para baixo.
Aqui em Maringá, conhecemos histórias
de empresários que estavam em processo de perda de seus clientes para
concorrentes, que tinham uma escala muito maior e preços mais competitivos, e o
processo foi tão rápido que a única forma de sobrevivência foi se tornarem representantes
comerciais de seus concorrentes, para preservarem a carteira de clientes.
Isso acaba trazendo o
entendimento do que outros mercados já entenderam: cada empresa tem que fazer
mais com menos, se especializar ao máximo, encontrar um nicho onde é
extremamente competitivo, identificando seu público alvo e o que entrega de
valor (diferenciais) a mais para esse público, do que outras empresas no
mercado... e mais do que isso, ter escala para ter preço competitivo.
Seria até mais simples, se não
estivéssemos no olho do furacão, em termos de mudança: Mudança da força de
trabalho (geração Y), mudança do mercado consumidor (novas classes sociais
emergentes, novo perfil de empresários e empresas) da forma de consumo
(e-commerce, social commerce, market place etc.), dos dispositivos que
disponibilizamos nossas aplicações (PC, SMARTPHONE, SMARTTV etc.), tudo isso
gerando uma pressão por inovação nos produtos que oferecemos atualmente, e o
governo roubando nossa atenção e capacidade de investimento com os SPEDs e suas
obrigações acessórias.
Tudo isso junto, gera o cenário ideal
para que muitas empresas morram, outras se reinventem, outras surjam. Assim
como contamos histórias de empresas que se perderam na década de 80, com o
advento da micro-informática e serviços. Muitas de nossas empresas serão
história nos próximos anos.
A única solução para as empresas
é por meio da inovação, cooperação empresarial e acesso a novos mercados, com
soluções de alta escalabilidade. A inovação vai permitir que as empresas mudem
seu portfolio de produtos para produtos mais simples de serem mantidos,
utilizados e implantados, ou diretamente ou através de canais, demandando menos
mão de obra e a surfarem uma onda de rentabilidade jamais conhecida pelas
empresas brasileiras, farão elas passarem ao lado dos grandes players globais
sem serem atingidas.
Enquanto os novos empresários
estão montando suas “startups”, os empresários atuais, precisarão pensar em
“spin-offs”, que talvez se tornem no futuro maior que suas empresas atuais, ou
que “pivotem” suas empresas, da forma que são conhecidas hoje.
E uma dica que deixaria,
considerando que as empresas brasileiras têm uma alta especialidade em soluções
coorporativas, se tivesse que fazer uma sugestão é que as empresas
concentrassem seus esforços em encontrar problemas globais de determinado
seguimento de empresas (B2C), criar uma solução e vender aqui e mundo afora.
Deixemos as soluções para consumidor final (B2C) para as empresas do Vale do
Silício.
E que venha o futuro!
Ilson Rezende
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